: Neste trabalho apresentamos alguns elementos da concepção nietzschiana sobre conhecimento e linguagem que subjazem ao conceito de verdade. O autor, por meio do uso do método genealógico, pautado no tripé da psicologia, historiografia e filologia, propôs uma investigação rigorosa sobre as condições primitivas pelas quais os valores são criados e as cosmovisões engendradas. Situa, a partir de então, a compreensão do conceito de verdade, seu conhecimento e manifestação pela linguagem, não mais no campo do transcendente, mas como processo dinâmico dado no âmbito da história, da psicologia e da linguagem. Sua consideração sobre o princípio da ideia de verdade orienta-se pela noção de invenção, e não de origem, atribuindo ao conceito em questão uma característica imanente, cuja história denuncia sua pretensão de universalidade e imutabilidade, não correspondentes à realidade do ser humano e da natureza. Nietzsche indica a fragilidade do conceito de verdade, formulado a partir de um conhecimento e de uma linguagem superficiais, que não considerariam a dinamicidade própria das coisas e das experiências, sempre subjetivas e, portanto, particulares e relativas. No campo da política e da moral, Nietzsche defende a hipótese de que as noções de conhecimento e verdade são formuladas no uso da linguagem como instrumento de convenção, que visa estabelecer a sociedade tornando o animal humano previsível e promovendo a manutenção da sociedade. Essa mesma tese, apresentada por Nietzsche, desemboca na argumentação sobre a linguagem também como instrumento de exercício de poder, que, mediante o conceito e a noção de verdade, estabelece não apenas um mundo superficial, mas também a moral como regra universal e orientadora da existência humana.